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segunda-feira, 29 de abril de 2013

STANDARD DO LIZARD (Boletim Informativo Nº 4 - Agosto/2010 CLCP)


COMO ANALISAR O STANDARD DO LIZARD

A origem do Lizard é um pouco obscura e foram os ingleses que a reconheceram e os primeiros a aperfeiçoar esta raça de plumagem única com desenhos peculiares em todo o mundo ornitológico.
É um canário de plumagem escura, podendo ser comparado a um canário verde, uma vez que possui o mesmo pigmento verde. Pode-se afirmar que é um canário de fundo amarelo com um pigmento escuro (melânico).
Todos os Lizards devem ser escuros (self dark) sem partes claras excluindo a calota (zona lipocromica).
Tem por base 2 cores:
è Dourado (gold) intenso (buff)
è Prateado (silver) nevado (non frosted) com a cor de fundo amarela, sendo a repartição homogénea do nevado muito importante.
Julgar um canário Lizard ou simplesmente reconhecer um bom exemplar, temos que ter na mente a imagem de um perfeito exemplar.
Criar Lizards para exposição é uma tarefa difícil que exige conhecimentos técnicos da raça (standard) e conhecimento de genética da ave, de forma que os acasalamentos realizados resultem em pleno. Assim deve-se ter em conta:
  
è  Quais os tipos de plumagem
è  O grau de oxidação das melaninas
è  Pureza do lipocromo

Todos estes aspectos influenciam a valorização de um plantel e podem resultar em novos exemplares que obterão melhores pontuações nas exposições.
Um Lizard perfeito, segundo o Standard oficial da OMJ (Ordre Mondial des Juges) tem a seguinte configuração.


DESENHO DORSAL – Spangles (25 Pontos) – Este é o item de maior valorização de um Lizard. É formado por pequenas escamas em forma de meias luas, muito escuras e bem nítidas em relação à cor de fundo, que as separa e perfeitamente alinhadas ao longo do dorso.
Sem dúvida é por esta rubrica que um juiz deve começar a análise de um Lizard, formando desde já o grupo de favoritos à vitória final.
Giuliano Passignani (um dos grandes criadores de Lizards e reconhecidamente um dos grandes juízes internacionais com vários livros escritos) afirma que “… um Lizard sem calota mas com óptimas escamas dorsais e peitorais é sempre um bom exemplar, no entanto um com calota perfeita mas com defeitos no seu desenho dorsal e peitoral, não é um bom Lizard!”.
PLUMAGEM (15 Pontos) – Tem de ser brilhante, consistente e lisa, completamente aderente ao corpo. Os melhores exemplares de plumagem apresentam-se mais escuros com uma total ausência de castanhos.
Nota: Os Lizards são muitas vezes utilizados para melhorarem a plumagem de outras raças de canários de forma e posição.
DESENHO DO PEITO – Rowings (15 Pontos) – São pequenos triângulos (as escamas em forma de meia lua são aqui mais triangulares) ou pequenos “V” largos e escuros que se iniciam sob o bico e olhos prolongando-se até ao início da cauda.
Nota: As fêmeas são sempre melhor marcadas que os machos, principalmente nos prateados.
COR DE FUNDO (10 Pontos) – O amarelo-dourado corresponde aos intensos e o amarelo-palha aos prateados (nevados). Esta deve ser regular e uniformemente distribuída pelo corpo com tonalidade forte, sem interrupções de intensidade da cor, o que dá a esta ave, quando vista à luz solar, um brilho espectacular (os Lizards devem ser julgados à luz natural). É permitida a cor vermelha.
ASAS E CAUDA (10 Pontos) – As asas devem estar bem aderentes ao corpo e serem o mais escuras possível. A cauda deve ser fechada, estreita e curta.
CALOTA (10 Pontos) – Pode-se apresentar de 3 formas possíveis:
·      Calota perfeita – tem a forma oval, nascendo na parte superior do bico, passando sob os olhos, prolongando-se até à base da nuca. Tem a mesma cor que a cor de fundo e não pode apresentar qualquer vestígio melânico.
·      Calota imperfeita – é uma calota que apresenta zonas melânicas. Nestas zonas melânicas deve apresentar os desenhos típicos do desenho do dorso, que têm origem na base superior do bico.
Nota: Alguns Clubes como LCCP, separam uma classe própria para as calotas imperfeitas.
·      Sem calota – Não apresenta qualquer vestígio da calota e tem esta zona totalmente preenchida com os desenhos dorsais desde a base do bico até à cauda sem interrupções.
PENAS DE COBERTURA (5 pontos) – Nas espáduas os desenhos formam molduras de orlaturas negras que cobrem a base das penas e separam umas das outras.
SOBRANCELHAS (5 Pontos) – Situam-se acima dos olhos. Apresentam uma linha de penas negras que as separam da calota e atenuam a forma oval da cabeça.
BICO E PATAS (5 Pontos) – Devem ser o mais negro possível. As unhas claras devem ser penalizadas.
CONDIÇÃO GERAL (5 Pontos) – As aves devem-se apresentar de boa saúde e limpas.
PRINCIPAIS DEFEITOS A ANALIZAR:
Desenho dorsal: Com falhas e sem alinhamento, marcas interrompidas pouco definidas indicam que estamos na presença de um exemplar com pouca qualidade. A presença de feomelanina (penas de cor castanha) deve ser penalizada pois interfere na beleza do desenho dorsal.
Plumagem: Uma plumagem em más condições deve ser penalizada uma vez que esta é a segunda rubrica mais importante. Não deve ser em excesso nem estar desalinhada. Tem de apresentar um brilho natural e não pode ter penas com margens brancas pronunciadas.
Nota: Qualquer pena totalmente despigmentada fora da zona da calota implica obrigatoriamente por parte do juiz uma forte penalização.
Desenho do peito: Nesta rubrica avalia-se a quantidade e a qualidade doo desenhos do peito e flancos. Nas aves intensas (douradas) aparecem em menor quantidade, nos nevados (prateados) o grau de exigência deve ser maior, pois aqui aparecem em mais quantidade, sendo as penalizações atribuídas de forma proporcional. Os que se apresentem sem qualquer marcação, serão penalizados com rigor. É importante relembrar que as marcações devem estar separadas por penas rendilhadas de branco nos nevados (prateados) e da mesma cor do lipocromo nos intensos (dourados).
Cor de fundo: O lipocromo é um item que pode valorizar ainda mais a ave. Tem de ser igual em toda a ave, sem variações da sua intensidade. Acasalamentos mal feitos originam filhotes com uma cor disformemente distribuída, ou menos viva. O factor vermelho, segundo o standart C.O.M. () é permitido. A cor vermelha tem de ser analisada da mesma maneira, ou seja, tem de ser uniformemente distribuída. Em diversas exposições como por exemplo Reggio Emilia, concorrem em classes separadas dos não pigmentados artificialmente.
Asas e cauda: Devem ser bem escuras. Devem ser penalizados os exemplares que apresentem vestígios de cor castanha ou cinza. A cauda não deve estar aberta.
Calota: Uma calota que se apresente 100% perfeita, 0 pontos de penalização. Até 20% de incidência melânica, 1 ponto de penalização. Uma calota que se apresente com mais de um ponto de incidência melânica ou com mais de 20% pode-se penalizar com 2 a 3 pontos.
Penas de cobertura: A orlatura das penas de cobertura despigmentada deve ser penalizada com rigor.
Sobrancelhas: Os Lizard devem apresentar por cima dos olhos uma fina linha de plumas bem negras. Devem ser penalizas quando estas são de cor castanha ou cinza ou quando estão interrompidas.
Bico e patas: Esta rubrica é das mais polémicas num julgamento. Embora o seu valor seja de apenas 5 pontos, a sua importância não é menor, pois trata-se de uma característica marcante desta raça que são as partes córneas bem negras (oxidadas). Em termos de classificação um Lizard que apresente uma oxidação fraca pode ser mais valorizado em relação a outro que tenha uma melhor oxidação. Um juiz quando analisa esta rubrica tem que valorizar indiscutivelmente os exemplares que apresentam uma melhor oxidação (atribuindo a classificação máxima de 5 pontos) penalizando os outros que apresentem uma menor oxidação (atribuindo a classificação de 4 pontos ou em casos extremos 3 pontos).
Tamanho e Condição: Temos de analisar nesta rubrica não só a condição geral da ave como o tamanho e a sua forma. Na parte da condição deve a ave apresentar-se limpa, de boa saúde, sem escamas nas patas e sem sujidades visíveis na plumagem e patas. No tamanho só se deve penalizar exemplares que sejam muito grandes ou muito pequenos, o que é raro aparecer aves fora do padrão dos 12,50 cm. A forma do corpo do Lizard não é um item específico de julgamento, mas que deve ser igualmente analisado. A curvatura do abdómen assemelha-se à curvatura de uma pipa.

Para concluir e em de resumo, os defeitos que surgem com maior frequência nas Exposições são:

LIZARD AZUL - Texto de Carlos Almeida Lima (Juíz CNJ/OMJ)




O Lizard Azul


O Lizard Azul é caracterizado pelo fundo branco, sendo esta ave resultante do cruzamento com o canário de cor; outros criadores alegam que foi conseguido através de várias gerações de cruzamentos com canários de forma e posição, nomeadamente o Border Azul.

No seu património genético possui idêntico pigmento melânico ao dos canários de cor, pertencentes à série negra (negro-amarelo, branco e vermelho) com uma única diferença: esse pigmento sobrepõe-se à cor de fundo branca ou amarela.

Estes canários são nada mais que uma sub-variedade do canário dourado e prateado; apareceram ocasionalmente como resultado de um duplo cruzamento e, se encararmos as evidências, parece pouco provável que, geneticamente falando, estes sejam realmente azuis, mas sim de cor ardésia.

No entanto, os Lizard Azuis actuais, após um grande trabalho desenvolvido, são mais reais, devendo-se este facto a uma selecção rigorosa, com a introdução de genes do canário branco e sempre do Lizard com o Border Azul.

Esta variedade infelizmente não é reconhecida pela Associação dos Canários Lizard Inglesa (Lizard Canary Association) porque os Ingleses, conservadores que são, alegam que representa uma introdução indesejável de um sangue estranho numa raça de sangue puro (nota: nos países continentais não existe essa situação, pois são expostos em várias exposições internacionais).

Para os criadores e estudiosos desta raça, na minha opinião, espectacular, passo a especificar o caminho seguido na obtenção do Lizard Azul:



Nota: neste primeiro acasalamento, os jovens canários apresentam na sua plumagem penas brancas provenientes dos pigmentos lipocromicos (amarelo) existentes na coroa do Lizard.

Muito embora os dois factores provenham de genes diferentes separados no cromossoma sexual, o factor Lizard provém de um gene dum cromossoma somático.

O ideal para iniciarmos este acasalamento deve ser levado a efeito com dois casais ou então um macho para duas fêmeas (evitar a consanguinidade directa); passamos a possuir duas gerações diferentes de canários, muito embora possuam no seu património genético genes do Lizard macho utilizado.

Assim, partimos para a fase seguinte e acasalamos os jovens machos com as fêmeas do segundo casal e os jovens machos do segundo casal com as fêmeas do primeiro casal.



Apesar de tudo algumas aves obtidas neste acasalamento possuem manchas lipocromicas em maior ou menor quantidade; estas vão apresentar pela primeira vez, após a muda da pena, maior ou menor quantidade das famosas escamas que referenciam a raça Lizard (desenho dorsal ou spangles e peitoral ou rowlings) e assim temos os primeiros Lizards.

Continuando, ano após ano, a efectuar o acasalamento de aves que apresentam no seu fenotipo menos penas brancas, no 5º ano de cruzamentos estará conseguido o perfeito Lizard Azul.

Uma vez fixado definitivamente o património genético do Lizard, iniciamos uma nova etapa que é a fixação das características raciais idênticas aos dourados (fundo amarelo intenso) e prateados (fundo amarelo nevado):

Cruzamento nº 1

Lizard Dourado (M) X Lizard Azul (F)


25% Lizard Dourados
25% Lizard Prateados
25% Lizard Azul com plumagem abundante (como tal, estrutura nevada)
25% Lizard Azul com plumagem apertada ou cerrada (como tal, estrutura intensa)

Fazendo o cruzamento inverso, o resultado teórico não altera, pois o factor azul é o carácter dominante.
Nota: É importante quando pretendermos realizar estes cruzamentos observarmos a plumagem do Lizard Azul; esta apresenta-se de duas formas:
1- Plumagem abundante que se denomina estrutura nevada
2- Plumagem estreita ou cerrada que se denomina estrutura intensa.

Assim, para este acasalamento, é importante utilizar um Lizard Azul, de estrutura nevada.

Cruzamento nº 2

Lizard Prateado (M) X Lizard Azul (F)


Uma boa parte está explicada no cruzamento nº 1; no entanto, neste cruzamento, obtemos:
Optimo é acasalar o Lizard Prateado com O lizard Azul, este com plumagem estreita e cerrada (intenso).
Qualquer Lizard Azul, com plumagem abundante (estrutura nevada) terá filhos com plumagem abundante (estrutura nevada e alguns com dupla estrutura nevada – aves defeituosas). É pois este o resultado deste acasalamento.

50% Lizard Prateados
50% Lizard Azul


Cruzamento nº 3

Lizard Azul (M) X Lizard Azul (F)


50% Lizard Azul a factor simples
25% Lizard Azul a duplo factor (aves que morrem no embrião, sendo as sobreviventes defeituosas e geralmente muito fracas –sempre adoentadas)
25% Lizard Dourados e Prateados, com plumagens curtas e outras penas compridas

Nota: este acasalamento não é aconselhável uma vez que o factor azul é de carácter dominante, originando a que, quando se apresenta geneticamente como duplo factor, seja sub-letal, ocasionando o acima mencionado.

Este acasalamento ao ser efectuado torna-se por parte do criador um desafio para não correr riscos elevados, sendo necessário saber-se dois aspectos:
-a intensidade da cor de fundo (intensa ou nevada)
-a estrutura das penas (curtas ou compridas)


Cruzamento nº 4

Lizard Dourado (M) X Lizard Dourado (F)


25% Lizard Dourado a duplo factor intensivo –aves defeituosas
50% Lizard Dourado com defeitos de forma (cabeça achatada, peito estreito e plumagens volumosas)
25% Lizard Prateado com plumagem discreta.

Este cruzamento serve apenas para procurarmos obter alguns Lizard Prateados, de plumagem perfeita e desenho dorsal nítido (spangler); quanto aos Dourados, apresentam normalmente plumagens defeituosas e o peito saliente e estreito.

Nota: nos canários de postura existe apenas o factor dominante nos Canários Brancos, sejam eles lipocromicos ou melânicos.

Coloração Artificial

Quanto à coloração artificial, ao contrário do referenciado por muitos intervenientes no fórum, está autorizada, pelo que passa a ser opção dos criadores (ver Manual do Colégio Nacional de Juízes – FONP) e normas da COM aprovadas em 26-27-28 de Abril de 1991 em congresso realizado em Porrentruy, na Suíça, com a presença dos seguintes países: Suíça, Reino-Unido, França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália e Espanha.
Foi aprovada por maioria de votos a coloração artificial nos canários Lizard (dourados e prateados, cor vermelha ou amarela) tendo apenas a Itália votado contra.
Assim significa que nas exposições onde não exista separação de classes possam concorrer em pé de igualdade com aqueles que não foram coloridos artificialmente.

Nota: presentemente, a Itália já adoptou esta medida, pois nas suas exposições tem as seguintes divisões de classe:
-Lizard coloridos artificialmente (cor vermelha)
-Lizard cor natural (amarelo)
-Lizard fundo branco (azul)


Método de Coloração Artificial praticada por mim para os que quiserem evoluir

Canários Dourados e Prateados

Para reforçar a cor de fundo amarela a praticar no início da muda:
- 1 Kg de papa húmida Biancofiore
- 10g de Orlux Amarelo – Yel-Lux (colorante à base de luteína)
- 10g de Quikon – seaweed powder (pó) ou Algavit
- 5g de Spirulina (biológico para seres humanos)
- 100g de cânhamo em pó
- Folhas ao natural (polygonum auberti)
- Luz solar pelo menos 2 horas de manhã e 2 horas à tarde
- Flor do Cravo-da-India amarela  –administrar apenas as sementes



Canários Dourados e Prateados
Para reforçar a cor de fundo vermelha a praticar no início da muda:
- 1 Kg de papa húmida Biancofiore
- 10g de Quikon – seaweed powder (pó) ou Algavit
- 5g de Spirulina (biológico para seres humanos)
- 5 a 7,5g de Carofil Red
- 100g de cânhamo em pó
- 50g de trigo sarraceno reduzido a pó
- Folhas ao natural (polygonum aubertii)
- Luz solar pelo menos 2 horas de manhã e 2 horas à tarde
- Flor do Cravo-da-India vermelha –administrar apenas as sementes




Como últimas notas, verificamos que o comportamento genético do Lizard em acasalamentos com canários não-Lizard (exemplo: com canários de cor) é recessivo, o que quer dizer que somente acasalando Lizard X Lizard obteremos na 1ª geração Lizard puros.
Estas experiências são fruto de estudo e dedicação a esta maravilhosa raça criada por mim e divulgada ao longo de 30 anos em exposições com resultados positivos, contribuindo para a sua divulgação em Portugal, quando ainda apenas existia a Associação de Avicultores de Portugal.

Um abraço,
Carlos Almeida Lima
Juíz CNJ/OMJ



domingo, 28 de abril de 2013